I Simpósio Dia Darwin

Há 150 anos Darwin dava apressadamente os retoques finais em uma idéia que mudaria para sempre a forma como enxergamos a nós mesmos e o mundo em que vivemos. Resultado de quase 5 anos de viagem, e mais de 20 de compilação de dados e análise das implicações destes, a Teoria da Evolução é talvez a idéia mais simples e mais abrangente que o ser humano já produziu. Porém, apesar desta simplicidade aparente, o darwinismo ainda é mal compreendido por boa parte do grande público e por uma parcela considerável da comunidade científica, incluindo biólogos formados e estudantes de graduação.


A teoria foi apresentada em dois momentos, sendo o primeiro uma conferência dada a um grupo de naturalistas da sociedade lineana, no dia 1° de outubro de 1858, onde foram lidos textos da autoria de Charles Darwin e Alfrede Russel Wallace. Este chegou independentemente às mesmas conclusões que Darwin, obrigando-o a divulgar suas idéias bem antes do que ele achava conveniente. Este evento não teve o impacto que a teoria merecia, e o próprio Darwin não compareceu. Posteriormente, com a prioridade pela idéia assegurada, Darwin pode sentar e compilar todos os seus escritos em um livro, muito menor do que ele planejava, mas que causou uma das maiores revoluções intelectuais da história humana, o qual se intitulava “Sobre a Origem das Espécies por Meio da Selecção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida”. “A origem das espécies”, título abreviado a partir da 7° edição, foi lançada no dia 24 de novembro de 1859, e se esgotou na editora no primeiro dia, levando a idéia da seleção natural para âmbitos muito além dos acadêmicos.


Nestes últimos 150 anos a teoria de Darwin passou por retoques, novas descobertas, e uma síntese, que a tornaram muito mais bem sustentada e completa. A redescoberta do trabalho de Mendel e a caracterização molecular do DNA deram à teoria uma base de variabilidade e herdabilidade com que trabalhar. A genética de populações tornou a seleção natural um evento populacional, e os recentes estudos da biologia do desenvolvimento têm fornecido a matéria prima para as mudanças fenotípicas sobre as quais a seleção irá atuar. Porém, apesar de todo o avanço científico deste século, as bases lançadas na “Origem das espécies” ainda continuam válidas, mostrando o gênio de seu autor e a importância de sua teoria.


No entanto, apesar da relevância da obra, a falta de informações e as implicações culturais e existenciais desta, geram no grande público uma resistência à teoria evolutiva. Uma das formas interessantes de mudar este quadro deve ser a formação de biólogos preparados para discutir o assunto, levando a discussão sobre a teoria da evolução tanto para as salas de aula do ensino médio, quanto para a comunidade, de forma clara, correta e atualizada, esclarecendo os mal entendidos sobre o darwinismo.


Com esse objetivo o Grupo de Estudos em Evolução do ICB-UFMG está organizando um simpósio em homenagem os 150 anos da publicação do Origem das Espécies e dos 200 anos de nascimento de Charles Darwin. O evento, chamado Dia Darwin, acontecerá nos dias 9 e 10 de Dezembro em um dos auditórios do ICB-UFMG e contará com a participação de professores da UFMG e convidados de outras faculdades e outras Universidades Federais do Brasil.


Com isto pretendemos reascender a discussão acadêmica sobre o darwinismo, sobre um ponto de vista intelectual e científico, chamando a atenção dos biólogos para a importância desta “luz” na integração de “uma miscelânea de fatos sem sentidos”, como disse Dobzhansky, em uma ciência coesa e bem estruturada chamada Biologia.

Um comentário:

  1. Muito bacana o texto e a iniciativa. O termo 'herdabilidade', porém, deveria ser substituído por ''herança', em meu humilde entender. Boa sorte no evento, uma pena eu não poder participar pessoalmente...

    gabriel

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